Versão: 1.0 – Data: 22-08-2011
1 – Volvidos alguns anos, após a fundação da Mocidade, em 1936,
começou a ficar claro que aquela avalanche entusiástica de dirigentes, atraídos pela novidade que a Organização representava para a época, não ir durar por muito tempo. A M.P. era essencialmente um grande movimento de juventude, mas que não tinha dotação estatal de recursos financeiros, capaz de sustentar tão grande projecto, tanto assim que logo no princípio dos anos quarenta, o Professor Marcelo Caetano, comissário nacional, começou a transmitir uma mensagem de poupança e auto-suficiência financeira para cada sector ou actividade.
2 – Por exemplo, nos Centros criou-se a figura do «Amigo do Centro», (que consta do Regulamento dos Centros de 1940), para encontrar, além da quota anual paga pelos filiados, um reforço de verba, para aquisição de fardamentos, compra de algum material e para pagamento de refeições aos filiados
pobres, isto, junto das famílias dos filiados mais abastados ou de antigos filiados, ou ainda de entidades públicas e privadas. Mas não se encontram notícias que se refiram a uma intensificação progressiva desses esforços, como seria de
esperar, para acompanhar o incremento quantitativo e qualitativo das actividades.
3 – Apesar de tudo, muitos dirigentes mantiveram-se por largos anos. Infelizmente porém, outros, não encontrando um acréscimo de incentivo por via da pequena gratificação mensal, ou não considerando aquele «estender de mão», compatível com um estatuto que julgavam ter adquirido, começaram, pouco a pouco, a afastar-se. Mesmo com a ascensão de antigos graduados aos quadros de dirigentes, a situação não se alterou muito
significativamente.
4 – Daí que Marcelo Caetano, tenha começado a ponderar no aproveitamento de uma parte do escalão de Cadetes (18 aos 21 anos), para, depois de instruídos, nos Centros de Instrução de Quadros (CIQ’s), começarem a colaborar como «Cadetes Auxiliares de Instrução», fora dos quadros, portanto fora da gratificação, mas aproximando-se já, um pouco, do estatuto de dirigentes. A outra parte dos Cadetes iria frequentar a instrução pré-militar nos Centros de
Instrução de Milícia
5 – Era mesmo a única saída futura, para, sem dinheiro, ou quase, encontrar uma alternativa para a sangria de dirigentes, que, tal como se previa, muito contribuiu para o declínio da
Organização. Além, claro, de intensificar a natureza juvenil do movimento, aonde os dirigentes adultos detinham um peso excessivo. E, ao mesmo tempo, encontrar uma forma de promover a «retenção nas fileiras» dos jovens Cadetes, algo que constituía um outro tipo de problema para a Mocidade.
6 – Claro que a presença destes Auxiliares de Instrução, não dispensava por completo a existência de dirigentes adultos e mais experientes, mas ajudava a compensar a sua falta. Por exemplo, para acompanhar a instrução de um grupo de castelos de 12 e 13 anos, com três comandantes-de-castelo de 14 ou 15 anos e um comandante de grupo de 16 ou 17 anos, a presença de um ou dois Cadetes Auxiliares de Instrução, com 19 ou 20
anos, era uma boa ajuda. Especialmente, quando apenas havia um comandante-de-grupo, para dois ou três grupos-de-castelos.
7 – O acompanhamento e apoio a um curso de chefe-de-quina, para o qual estava destacado apenas um comandante-de-castelo, ou mesmo um comandante de grupo-de-castelos, era outra óptima utilização dos Cadetes Auxiliares de Instrução. E sempre encontraríamos mais e mais tarefas, tanto nos Centros Escolares e nos Centros Escolares Primários, como num novo Centro Extra-Escolar que se pretendia abrir, ou na preparação das actividades de Verão a promover pela Subdelegação Regional, ou pela Delegação Provincial (mais tarde Distrital).
8 – Bem.
O facto de estarem para além dos quadros, não significava estarem para além de uma
qualquer estrutura organizada que gerisse o seu recrutamento, instrução, colocação,
recolocação e aperfeiçoamento. Até porque a ideia era que estes Cadetes
Auxiliares de Instrução, depois de cumprirem as suas obrigações militares, voltassem
a prestar serviço, mas, então, já dentro dos quadros.
9 – No
Comissariado Nacional existiram várias Direcções de Serviços para outros fins,
mas nunca existiu nenhuma, para tratar em exclusivo os assuntos dos Dirigentes.
As que mais se aproximaram, enquanto existiram, foram: a «Direcção dos Serviços
de Instrução Geral», depois, de «D. S. de Actividades Gerais»; e a «Direcção
dos Serviços de Instrução de Dirigentes e Graduados». A Direcção dos Serviços
de Formação de Graduados, que também chegou a existir, viria a estar fora deste
assunto.
10 – Mas era
indispensável essa Direcção de Serviços exclusivamente dedicada para os assuntos de
Dirigentes. Pois seria ela a replicar-se por Chefias de Serviço, ao nível das
Delegações Provinciais ou Distritais (Divisões), e por uns adjuntos nas
Subdelegações Regionais (Alas). Claro que seria necessário desviar para essas
funções alguns Dirigentes adultos colocados nos Centros, mas os Cadetes Auxiliares de
Instrução compensariam perfeitamente.
11 – O
processo tinha ainda mais algumas complexidades, pois havia que conciliar e articular
com alguma eficácia a acção dos «Dirigentes» adultos, com a dos «Cadetes
Auxiliares de Instrução», com a dos «Graduados», com a das «Formações de
Comando», e ainda, com um bem delineado «Programa de Recrutamento e Retenção nas Fileiras», cuja falta, foi mais do que notória. A
aposta ficou-se pela formação de Graduados e revelou-se manifestamente.
insuficiente e desmotivante para os demais protagonistas.
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(continua)